Parafraseando Charlie Brow Jr, ‘tem gente que reclama da vida o tempo todo’. Vive um conto de fadas, no país dos moranguinhos, desconhece a realidade. E quando precisa encará-la leva um susto.
Realidade (a minha ao menos!) é acordar cedo todos os dias, pegar ônibus cheio, trabalhar o dia todo e almoçar a gororoba da sua avó só porque sabe que sua companhia faz ela mais feliz. É pegar outro ônibus para ir embora, é estudar à noite quando seu curso é de dia. É demorar anos para se formar, se virar nos 30 para conseguir sair do trabalho e ir para a aula, e quando não consegue, ser recriminada pelo seu coordenador. ‘Mas você sabe que seu curso é de dia, eles precisam te liberar’. O ideal seria, mas não é bem assim. E se eu não trabalhar? Bom, aí não posso estudar, porque estudar custa caro e alguém precisa pagar por isso.
Realidade é fazer as unhas de noite a acordar com raiva porque elas enrugaram na hora de dormir, mas saber que é o único horário que você pode fazer isso. É “perder” seu sábado cortando o cabelo, fazendo sobrancelha e todos esses cuidados de mulherzinha porque sabe que em dia de semana isso é impossível. É marcar médico para depois das 18h e ficar até às 20h esperando ser atendida, é chegar em casa com fome e precisar fazer sua própria janta.
Realidade é ser irmã do meio. Aguentar a rebeldia interminável da mais nova e segurar a onda da família quando ela sai do controle. É ouvir sua mãe desabafar, ajudar seu pai a conseguir clientes, auxiliar a mais velha com as redes sociais. É conversar com uma avó que não te ouve e com um avô que não te entende, mas que sabe que mesmo assim eles te esperam acordados só para saber como foi seu dia.
Realidade é arrumar tempo para dar atenção a vários grupos de amigas, ao seu namorado, a sua família e a família dele. É arrumar tempo para passear com a sua cachorra (estou te devendo isso, né Chica?), visitar a exposição do seu pai, ir no mercado com a sua mãe e ainda aproveitar um cineminha no final do dia.
Realidade é sair cheia de casaco e passar calor o dia todo, porque não teve tempo de voltar pra casa, é sair sem sombrinha e se molhar, é ouvir uma música e perceber que está cantando alto, dentro do ônibus. É pegar ônibus acalmando sua amiga que tem medo dos assaltos, é ouvir ela apaixonada falar do mesmo assunto por horas, e lembrar que quando era você, ela te ouviu.
Realidade é se ferrar o dia todo, passar a semana esperando a sexta-feira e o mês esperando o pagamento e mesmo assim sorrir. Sorrir por lembrar que apesar de tudo você tem um emprego, você tem uma família, você tem amigos maravilhosos e, apesar das dificuldades, você pode estudar.
Realidade é apesar de tudo, deitar a cabeça no travesseiro e agradecer, por tudo ser exatamente como é.
“A vida é maravilhosa se não se tem medo dela.”
(Charles Chaplin)
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